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segunda-feira, 30 de maio de 2016

Cultura do Estupro e Violência de Gênero

Imagem do movimento
Tenho algum receio de expressar minha opinião neste tema, pois posso não conseguir expressar corretamente, ou ser interpretado de forma equivocada.

Neste final de mês fomos surpreendidos com o fato de uma menina de 16 anos ter sido violentada por 33 jovens (homens), o que acarretou uma serie de debates na mídia e nas redes sociais.

Não é de hoje que uma parcela da sociedade debate esta e outras denuncias de agressões que sofrem as mulheres. Digo uma parcela, pois a maioria de certa forma não realiza nenhum tipo de debate de conceitos etc e tal. Preferem posições radicais ou então alegam que não existe tal agressão.

O debate sobre este assunto tem que ser feita de forma séria, sem posições de radicalismo burro e minimalistas que a sociedade tem costumado a fazer sobre outras questões. Tem que se discutir a base, a origem desta violência que vem na minha visão, na  educação das crianças, tanto pelos pais, como também nas escolas.

Pode até aparecer um pouco preconceituoso, mas ao meu ver a maior parte da cultura que chamamos de "Machista", vem dos valores que são passados pelas mães. Não que a culpa seja das Mulheres, pois na verdade isso vem de uma cultura patriarcal onde o Homem sempre responsabilizava a Mulher por coisas ou situações que suas proles aprontavam. Então no intuito de amenizar as acusações que sofriam, acabavam educando seus filhos na mesma ótica que o sistema lhe oferecia. Aquele velho jargão ainda e escutado por ai... "prendas suas cabras que meu cabrito esta a solta".

Quando se fala em agressão logo pensamos em um tapa, ou soco e até um ponta pé. Quando se fala em estupro a visão que temos e de relação sexual consumada. Mas estes pensamentos estão equivocado. As Agressões mais sofridas, não só por mulheres mas em geral, é sem sombras de duvidas, a que não deixam marcas físicas.

Conceitualmente...

- O Bullying é uma situação que se caracteriza por agressões, físicas ou verbais, de maneiras repetitiva, por um ou mais agressores contar um determinado individuo.
- Já o estupro, que também é uma agressão, é a violação não consensual de praticas sexuais havendo ou não penetração. 

Gráfico dos casos de agressões
Segundo o site www.compromissoeatitude.org.br o lar é o lugar mais inseguros para as mulheres. 48% das mulheres declaram que a violência sofrida foi dentro de sua própria casa. E 56% dos homens admitem ter realizado algum tipo de agressão contra mulheres. Eu penso que este números podem ser bem maiores. Pois a linha que divide a agressão é muito fina... Qual o casal não discute? E em qual discussão não existe a agressão? a problemática esta justamente na questão da opressão, e ou da submissão. Quando em uma discussão uma das partes se empoe seja fisicamente ou verbalmente passa a ser algo grave. Por isso que digo que a linha que divide esta questão é tão delicada, que eu nem sei com a minha ignorância delimitar. 

Na questão sexual, a chamada cultura do estupro, por mais incrível que possa aparecer, ela também acontece com frequência dentro de casa. E a linha tênue que divide o que pode ser o jogo de sedução, brincadeiras eróticas etc e tal com o que pode ser sim a violação não consentida, é bem frágil... Não é difícil ver casos ainda nos dias atuais igual ao que se assistiu um tempo atrás em uma novela, onde o ator José Wilker que interpretava um personagem "Machista" cuja o nome era Coronel Jesuíno usava uma frase que foi satirizada por muitos, onde dizia o seguinte: - "Mulher te prepara que hoje vou lhe usar". Uma versão dramatológica do que ocorre ainda em muitos lares, onde o Homem sem ao menos perguntar a sua parceira a obriga a manter relações sexuais, e se a mesma não ceder pode sofre agressões físicas alem das psicológicas.

Outra questão bastante delicada e difícil separação são as agressões sofridas em ambientes de trabalho, escolares e lugares públicos. Pois novamente a frágil linha entre o que pode ser uma brincadeira, ou um jogo de sedução com uma agressão é a unica coisa que separa ambos. Não é difícil por exemplo ver agressões sexual dentro de transportes coletivos, onde o homem aproveita a oportunidade do mesmo estar lotado para praticar estes atos. Em alguns casos bem sutis, como o que aqui chamamos de cochar a mulher (ato de encostar seu pênis na bunda da mulher, mesmo estando vestido), Ou então se posicionar de forma que o mesmo fique passando no ombro da mulher que esta sentada. E existe os mais visíveis que realmente passa as mãos nas partes mais intimas e ainda achar que a mulher tem que gostar disso. Aquela supostas brincadeira em áreas de convívio profissional ou escolar onde as piadas, as caricias e ate tentativas mais físicas parecem comum, também não deixa de ser uma agressão sexual. 

Tenho dificuldade para conceituar estas questões, mas de forma minimalista penso que tudo aquilo não é consentido é agressão. Ou seja, se não existe a permissão para fazer, passa a ser sim uma agressão sexual. E por isso eu digo que a linha que divide e muito fina, muito delicada.

Na Cultura do Estupro não é difícil de ver comentários do tipo "olha a roupa que ela esta usando, esta pedindo que passe a mão". A roupa, a postura, a maquiagem a forma de dançar etc, não da direito de ninguém de praticar atos sem o devido consentimento. O fato de uma determinada mulher ter uma vida sexual bastante ativa, não dá o direito de forçar a fazer qualquer que seja a pratica sexual contra a sua vontade. Nem mesmo quem trabalha como profissional do sexo (que em alguns casos, só isso já seria para mim uma agressão, pois muitas caem nesta pratica por obrigação), não da direto a nada....

O caso que abalou e movimentou o debate a cerca da Cultura do Estupro é um belo exemplo. Muitos dizem que ela pediu e que por ter se misturado com pessoas de condutas criminosas, não recebeu nada a mais do que mereceu.

Para mim isso é ridículo... o fato da menina ter supostamente postado em redes sociais frases dizendo que aguentava todo o morro, de ter postado fotos com armas etc e tal, nada tem haver com a permissão ou não da pratica. Ela poderia ter aceito que os 32 mantivessem relações sexual, mas ao dizer ao 33º que não queria e o mesmo mesmo assim praticasse seria sim uma agressão sexual. Pois, como já descrevi, "o que não é consentido é agressão".

Temos que ter a capacidade de separar as coisas. Se a menina não tem uma conduta correta, se pratica crimes, e tem uma vida sexual inadequada aos conceitos sociais, não implica que a mesma possa ser vitima de qualquer crime de cunho sexual, e outros que a mesma pudesse sofrer.

Este mesmo conceito, as comissões de direitos humanos defendem em outros criminosos, e acabam sendo recriminados e interpretados  de forma erronia.... pois os mesmos não estão defendendo que o criminoso cometa crimes, e sim que o fato do mesmo cometer crimes permita que outros também o façam.... Mas isso é um outro debate...

É claro que esta menina na minha opinião não serve como bandeira para o movimento. Justamente por a mesma ter um comportamento de risco, do qual não serve de exemplo. Mas uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.

Temos dois equívocos nesta situação envolvendo esta menina de 16 anos. O primeiro é o de duvidar da agressão que a mesma sofreu por causa de seu comportamento. O segundo é tentar fazer da mesma um Mártir da causa. Assim como diz por ai, nem tanto a terra, nem tanto o céu.

Mas existe vários casos que deveriam sim servir de bandeiras do movimento em defessa a luta contra a cultura do estupro e também contra a agressão, segregação e preconceito. Mesmo sabendo que estamos vivendo um revês social, onde valores conservadores estão voltando com forças, e discursos de ódio são distribuídos pelas redes sociais.

Imagem do Movimento
Por outro lado, o Homem pode e deve se engajar na luta contra toda e qualquer agressão, seja de casos sexuais, como as físicas. Não podemos ficar omissos à esta questão. Precisamos sim fazer uma reflexão de nossas condutas com esposas, filhas, irmãs, amigas e colegas. Verificar se nossas atitudes não geram constrangimento a outra parte. Realizar permanentemente exercícios de reflexão a respeito de atitudes que podem parecer simples brincadeiras, mas na verdade se não consensual pode sim ser uma pratica dentro da cultura do estupro. O primeiro passo é admitir, que de certa forma praticamos sim atos não só contra Mulheres, mas a todos que podem sim ser considerados agressões. Posteriormente é tentar na medida do crescimento, do aprendizado ir mudando posturas.

Eu na década de 90, participei de vários debates sobre questões Feministas, e que de certa forma sempre existe o debate sobre crimes de agressões que as mulheres sofrem... desde então realizo este exercício, que me mantem em um patamar de analise sobre o assunto. Consigo compreender quanto é sugestivo por exemplos participar hoje de grupos de watts onde fotos de mulheres nuas são postadas naturalmente. Penso, será que o objetivo desta mulher ao tirar tal foto, ou de gravar tal vídeo era o de chegar ate a minha pessoa para olhar? E será que ao estar olhando estas imagens não estou agredindo de certa forma minha esposa e minha filha? Não sei...  mas minha leitura me faz sempre questionar.... e acho que isso é um grande passo que dou no sentido de uma mudança no comportamento... e que pretendo passar aos meus filhos.

Um conselho... Consciência critica...
E só existe uma forma de luta.... a persistência....

Boa Luta então!!!

Chris DS

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